quinta-feira, 7 de março de 2013

MEU ENCONTRO COM EVALDO COUTINHO *



Frank Svensson **


Evaldo Coutinho ressalta em minha formação. Dos filósofos existencialistas, é para mim o mais evoluído do Brasil. Por muitos o unico filósofo brasileiro a configurar um sistema completo. 

Ensinou-me, o mais importante instrumento cognitivo de que disponho sou eu. A partir de minha existência no mundo, o mundo vem a mim e torna-se referência para a busca de sua verdade, que apesar de não existir em termos absolutos, deve ser procurada com intensidade e ininterruptamente.

Legou-me também a dificuldade de objetivar-me na ação recíproca entre a realidade externa e meu pensamento. Sabendo-me pertencente à sociedade de que participo, instigou-me a reconhecer a consciência e o imaginário coletivo, reflexos das condições do relacionamento com as formas de trabalho latu sensu. Mais que outro pensador brasileiro, Evaldo Coutinho sem sabê-lo levou-me a Marx.

Comecei no Recife como arquiteto. Conjugados, o professor e Marx me estimularam a questionar a coisificação da arquitetura, que subjuga seu valor de uso a seu valor de troca.

O fulcro do conhecimento e da produção da arquitetura é a atividade humana, impossível de acontecer sem lugares. O saber da arquitetura participa sempre mais do saber da síntese entre a vida e seu cenário. Sobre como produzir cenários há conhecimento acumulado. Sobre a vida, nem tanto. Da melhor síntese entre vida e cenário, menos. Que se utilize o corpo teórico de Evaldo Coutinho como ferramenta para melhor entendê-la!

* Ver verbetes sobre vida e obra de Evaldo Coutinho no GOOGLE.
** Frank Svensson é Professor Titular aposentado da FAU-Universidade de Brasília..

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