sexta-feira, 23 de setembro de 2016

SOBRE O NOVO

Delio Mendes Da Fonseca E Silva Filho


O novo nasce sem que se perceba. Quase na sombra, o mundo muda de maneira imperceptível, todavia constante. Neste início de século, temos a consciência de que estamos vivendo uma nova realidade. As transformações atuais colocam os homens em permanente estado de perplexidade. A poluição e a desertificação se alastram. A superpopulação e as tecno-epidemias etc., tornam o mundo diverso negativamente. A pobreza e a desigualdade são produtos desta forma da produção do modo civilizatório capitalista. Este novo apresenta diferentes faces. Tudo isto como conseqüência da desestruturação da ordem industrial. O atual período histórico não é apenas a continuação do capitalismo ocidental, é mais. Melhor, é muito mais, é a transição para uma nova civilização. Esta transição que está em curso é preocupante para determinadas sociedades, desprotegidas na guerra das nações pela primazia da história.
Milton Szntos chama a atenção para esta realidade.

No caso do mundo atual, temos a consciência de viver um novo período, mas o novo que mais facilmente apreende-se diz respeito à utilização de formidáveis recursos da técnica e da ciência pelas novas formas do grande capital, apoiado por formas institucionais igualmente novas. Não se pode dizer que a globalização seja semelhante às ondas anteriores, nem mesmo uma continuação do que havia antes, exatamente porque as condições de sua realização mudaram radicalmente. É somente agora que a humanidade está podendo contar com essa nova realidade técnica infomacional. Chegamos a um outro século e o homem, por meio dos avanços da ciência, produz um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando a presença planetária desse novo sistema técnico.

É necessário, para compreender esse novo, o conhecimento de dois elementos fundamentais na formação social das nações: a formação técnica e a formação política. Uma permite a compreensão dos elementos tecnológicos que formam as composições necessárias à produção, a outra indica que setores serão privilegiados com a organização possível da produção. Na prática social, sistemas técnicos e sistemas políticos se confundem e é por meio das combinações então possíveis e da escolha dos momentos e lugares de seus us que a história e a geografia se fazem e refazem continuamente.

Desde esta compreensão, esta nova sociedade pode, inclusive, abrir uma nova época com a colocação de um novo paradigma social. Este paradigma pode ser posto como: a superação da nação ativa pela nação passiva.
Ou melhor, voltando ao velho Marx: a nação em si é superada pela nação para si. Para isto, é necessário que o velho/novo mundo periférico retome um projeto político de independência, fora dos moldes de projetos como o Mercosul, que nada mais representam do que a dependência em bloco, na medida em que este tipo de associação só serve à subserviência coletiva, levando grupos de países periféricos a deixar de submeterem-se isoladamente, para cair em bloco nos ardis do capital financeiro.

Finalmente, utilizando a dialética como referência, Milton mostra a batalha travada entre a nação passiva e a nação ativa, em uma transição política que envolve todos os espaços do viver, desde o espaço da vida cotidiana. A nação ativa, ligada aos interesses da globalização perversa, nada cria, nada contribui para a formação do mundo da felicidade, ao contrário da outra nação dita passiva que, a cada momento, cria e recria, em condições adversas, o novo jeito de produzir o espaço social, mostrando que a atual forma de globalização não é irreversível e a utopia é pertinente.

É somente a partir dessa constatação, fundada na história real do nosso tempo, que se torna possível retomar, de maneira concreta, a idéia de utopia e de projeto.

Desde esta compreensão, a globalização é um projeto irreversível da humanidade. Entretanto, não é esta a globalização desejada, e sim uma outra, a de todos.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

A CORRUPÇAO NO BRASIL



As principais ideias apresentadas, à convite, numa semana de confraternização de comunistas dos países nórdicos : Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia – 08/07 até 16/07/2016.

Frank Svensson





1 – O Brasil não foi descoberto por acaso

Navegadores franceses e italianos já haviam estado no Brasil antes que os portugueses o “descobriram”.

Escola de Sagres ou não, a localização de Portugal junto a união do Mediterrâneo com os mares do Atlântico Norte e do Sul estimularam o conhecimento de como singrar os mares e a construção de naus para tanto.

Estabeleceram, inicialmente, com o conhecimento adquirido e a tecnologia conquistada, uma rede comercial entre os povos ribeirinhos do Mediterrâneo. Com os sírios que haviam trazido da Índia, por via terrestre, o conhecimento de como transformar cana em açúcar, aprenderam como o fazer.

Para uma produção de escala precisavam terras. Muita. Assim resolveram descobrir o Brasil. Elaboraram planos visando aplicá-los. Planos que respeitavam o estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas, metade do Globo terrestre para Espanha e a outra metade para Portugal.

O Brasil seria dividido por linhas horizontais paralelas ao Equador,em capitanias hereditárias administradas por nobres portugueses. Vieram a ser construídas sete cidades administrativas. Vila Rica de Ouro Preto foi a ultima. Essa administrou a maior corrida de ouro já havida.

2 - A falta de mão de obra

Os povos que habitavam o Brasil negavam de um modo geral aceitar o regime de escravidão. Os colonizadores recorreram ao que haviam conhecido na África oriental: mercadores árabes e até mesmo negros poderosos escravizando e negociando  seus irmãos menos poderosos.

Com a exploração dos povos ocidentais da África por portugueses, os hábitos da escravidão ali ganharam vulto, extendendo-se até o Brasil.   Durante quatro séculos e meio desenvolveu-se a maior imigração de escravos do mundo. Fontes angolanas estimam que nove milhões de escravos foram exportados daquele país. Via de regra passaram pelo Brasil os escravos que seriam sitiados em ilhas do Caribe e no sul do território norte-americano.


3- Produção extensiva de escravos


      Os escravos chegados com vida no Brasil eram motivo de comercio em mercados especificamente de escravos em varias  cidades brasileiras. A Guiana francesa tornou-se um grande criadouro de novos escravos para os países do Caribe e da América do Norte. Outras metrópoles europeias alí também negociavam escravos.


4 – Brasil país do futuro
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Com o surgimento do Período Industrial no Brasil e o emprego de maquinas capazes de acionar varias ferramentas ao mesmo tempo, se alterou, em quantidade e em qualidade, a força de trabalho no mesmo. Portos mecanizados, ferrovias, relógios e distribuição de gás, transporte urbanos, casas, galpões industriais, mercados públicos e estações ferroviárias construídas com estruturas metálicas afastaram-nos do domínio português para a dependência para com a Grã-Bretanha. Acrescente-se a isso moinhos de trigo importado, fabricas de fiação e tecidos etc. Surgiu uma nova elite econômica diretamente ligada a bancos estrangeiros.

Stephan Zweig, autor de várias biografias históricas, antevendo os perigo da segunda grande guerra veio se refugiar no Brasil. Fixou residência em Petrópolis e ali escreveu o livro Brasil país do futuro publicado em 1941. Nesse afirma que uma das dificuldades para o Brasil vir a ser um país promissor era o fato do mesmo haver passado de um regime escravocrata direto para um regime modernista sem haver passado por período Iluminista.

As grandes conquistas e descobertas da ciência, da análise da Natureza e da Sociedade desse período na Europa chegaram por força de importação e não em decorrência de um desenvolvimento global com raízes na realidade brasileira.

Criou-se no Brasil uma elite despolitizada e inculta que face ao  conhecimento de qualquer descoberta das possibilidades de alguma produção rendosa imiscúi-se para enriquecimento pessoal ou familiar e não para o desenvolvimento social e democrático da nação.

Exemplo flagrante disso foi a recente descoberta do campo petrolífero do Pré-Sal. As elites brasileiras assustam até os grandes centros do sistema capitalista ao tempo em que muitos acreditavam que melhorando o capitalismo chegaríamos a uma sociedade mais justa e desenvolta.

Mais uma vez evidenciou-se que para o sistema capitalista, que traz em si o germe de sua autodestruição. não basta querer melhorá-lo. O comunismo evidencia-se como uma necessidade histórica a ser conquistada.