quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O PERÍODO EUROPEU DE GRANDJEAN DE MONTIGNY Parte II

Frank Svensson. Apontamentos para o estudo das origens europeias da arquitetura no Brasil. O trecho referente a Grandjean de Montigny na Europa.


Os ideais da arquitetura na França, no tempo de Montigny

A época da formação profissional de Montigny caracterizou-se por urna profícua formulação de teorias. A busca da beleza ideal, o enfoque racionalista, a atenção para com os novos descobrimentos e os ideais políticos do período revolucionário marcaram de diferentes formas as grandiosas propostas da época.

Todos perseguiam uma beleza que queriam de caráter universal. A confiança no gosto mesclava-se ao reconhecimento de que as obras de arquitetura estavam muito distantes dos seres e das coisas. Os edifícios eram projetados como unidades em si, indiferentes aos prédios vizinhos, para que se apresentassem de forma mais clara a seus observadores. Um isolamento que não se limitava às cercanias, mas incluía, também, a localização no tempo.

Os arquitetos dessa época deixaram demolir templos e prédios sem a mínima hesitação. Desprezaram a arquitetura barroca e o rocambolesco em suas diferentes manifestações. Desaprovaram tudo aquilo que classificaram como fantasia irracional. e ornamentação arbitrária, acusando os arquitetos do passado de haverem violado todas as regras do bom senso e do bom gosto. A arquitetura da nova época deveria abandonar a forma atormentada, condenar o movimento e favorecer as formas simples e as linhas puras.10

Percier e Fontaine foram dos que mais influíram na formação dos ideais da época. Suas teorias encontram-se formuladas em seus livros: Les Résidences des Souverains, e Les Monuments de Paris. Neles defendem o ponto de vista de que a arquitetura resulta dos hábitos locais. Mas da observação das particularidades locais dever-se-ia chegar às regras universais. Algo que não lhes parecia possível através do conhecimento cientifico, mas sim como resultado do gosto. Repetiram, assim, aquilo que já havia dito Boullée, Segundo ele a proporção deve ser vista de forma relativa: Il faut que chague partie reçoive la proportion qui mi est relative et non celle qui serait prescrite par un formulaire de chiffres.11

Questionaram códigos estabelecidos e foram partidários do moderno para a época. A beleza que encontraram, quando ainda estagiários na Itália, nos monumentos da Antiguidade consideravam tributária daquele contexto e da época em que os mesmos surgiram: Malgré l'espéce d'empire que le gout de l'antique semble avoir pris depuis quelques années, nous ne pouvons nous dissimuler qu'il ne doive en grande partie cet ascendant au pouvor que la mode exerce chez les peuples modernes 12

A modernidade defendida reconhecia, mas não definia o novo modo de vida a considerar. Ainda não conseguia atravessar a barreira do imediatamente aparente, para alcançar e lançar raízes no substrato socioeconômico da arquitetura. As doutrinas de Per-cier e Fontaine voltaram-se mais para a natureza e para a tecnologia, como fontes de referência de sua criatividade: L'architecture, dont l'objet principal est de satisfaire aux besoins et aux puis-sances de la vie est une profession grave et utile; celui qui l'exerce ne peut se laisser aller sans de grands inconvénients aux entrainements de l'e.sprit d'innovation et aux influences de la vogue. Inspire par l'art et conduit par la sciience, ii ne doit en qual que ce soit jamais agir au hasard. II faut qu'il sache choisir avec discernement parmi les richesses de la nature ou parmi celles de l'industrie les moyens qu'il met en oeuvre et qu'en ne s'ecartant pas des refles d'une saine doctrine, ii soit constamment attentif à n'employer qu'avec reserve les choses dont la necessite justifie pas l’emploi.13

Percier e Fontaine, os mestres de Montigny, valeram-se do passado como fonte de referências para soluções novas e precursoras. Era o bom gosto germinado no terreno fértil da Revolução Burguesa que deveria gerir a reinterpretação dos motivos buscados no passado. Era a realidade concreta e atual em Paris que, finalmente, deveria ser tomada como decisiva para as soluções da arquitetura e para a escolha dos elementos trazidos do antigo para emprego nas mesmas.

Esses ideais foram os adotados por Montigny. Acontece, no entanto, que as obras de Montigny não foram destinadas a Paris e sim a Cassel na Alemanha e ao Rio de Janeiro no Brasil. Mas o substrato considerado para as suas obras não foram o dessas cidades, e sim, de forma cosmopolita, continuou a ser o de Paris. A opinião de que a arquitetura resulta dos hábitos locais teve de se curvar às soluções geradas na França. O posicionamento realista curvou-se à postura cosmopolita.


Grandjean de Montigny na Itália

A pós-graduação de Montigny na Itália também se basearia em trabalhos de levantamentos e em desenhos de monumentos da Antiguidade. Essa seria, ainda, a base para a sua atividade de arquiteto, tanto na Alemanha como no Brasil. Em ambos os países produziria uma arquitetura a mais avançada para a sua época, mas que exprimiu a visão de mundo e o modo de vida da burguesia europeia.

A burguesia então progressista empenhava-se em revolucionar-se a si mesma e em criar algo novo, mas na realidade conjuraram em seu auxílio os espíritos. A Revolução de 1793-1814 vestiu-se alternadamente, como a república romana e como o império romano. Os mentores da Revolução Francesa desempenharam a tarefa da sua época, a tarefa de libertar e instaurar a moderna sociedade burguesa, em trajes romanos e com frases romanas. Algo que sobremodo se expressaria em termos de arquitetura.14

A Academia Francesa instituída em Roma por Colbert constitui-se no centro de pós-graduação dos arquitetos e homens de Roma. Palazzo Mancini, foi, também, o local de encontro dos revolucionários franceses. Isso era visto com desconfiança, tanto pelo povo como pelo governo italiano. O edifício foi invadido, em 1793, pela população local, e as atividades foram transferidas para Florença. A Toscana era, na época, a região da Itália que ainda acolhia com amizade os bolsistas franceses.

Paralelamente, o pintor de maior renome da revolução francesa, David, candidatava-se ao cargo de reitor da Academia Francesa na Itália. Um cargo que não obteve. Valendo-se da grande influência que exercia nos meios revolucionários, sugeriu a extinção de tal posto. O reitor, um nobre afeito a atividades administrativas, Suivée, foi deposto do cargo.15

Após um período na prisão, Suvée, em 1795, foi reconduzido ao cargo de responsável pelas atividades da Academia na Itália. Como companheiro de trabalho e aval político foi designado um nome de confiança: Grandjean de Montigny. A esses dois homens foi dada a incumbência de reiniciar as atividades, em Florença, quatro anos antes de Montigny obter seu Prix de Rome.

Levaria, no entanto, seis anos para 12 bolsistas, em 1801, cruzarem os Alpes. Durante esse período de espera foi confirmada a nomeação de Montigny para secretário da Ecole des Beaux Arts em Roma, ao mesmo tempo em que se confirmou sua designação como bolsista na Itália.
A permanência naquele país implicaria, para Montigny, numa larga faixa de experiências. O Palazzo Mancini foi substituído pela Villa Médicis, como séde da Academia Francêsa em Roma. Ligado a isso Suvée fez comunicar ao Ministro do Interior da França, em 13 de janeiro de 1802, o seguinte: l'Architecte Grandjean de Montigny a été de ia plus grande utilité pour la levée da plan de la Villa Médicis, maintenant sous vous yeux. II será três necessaire dans /es operations que j'aurais a faire ici des que je connaitrai la decision du gouvernement sur l'echange du Poiais actuell convenable pour y etablir notre École.16

Na Villa Médicis, a configuração da biblioteca, ainda preservada, é projeto de Montigny. Ele elaborou, também, muitos trabalhos ligados ao seu estágio como Prix de Rome. Era regra cada bolsista fazer, anualmente, um trabalho de caráter arqueológico.


   A Villa de Médici em Roma. Fachada posterior.

Com relação a isso ele apresentou sucessivamente: o coroamento do Foram de Nervo, os detalhes do arco de Trajano em Benevento, um candelabro do Museu Pio Clementino, o túmulo de Cecília Metella, esposa do ditador Silas, localizado na Via Appia.17

Entre os trabalhos de projeto inerentes ao curso em Roma, elaborou os seguintes: uma proposta de reconstituição do pórtico do Panteão, projetos para um orfanato militar, um hospital de pobres e urna espécie de fórum moderno em torno do qual se reagrupam um palácio imperial, palácios para o senado, para o corpo legislativo e para ministros. 18

Ainda em Florença, Montigny deparou-se com o testemunho concreto de como as mansões burguesas haviam surgido, impregnadas de representatividade e propostas por um novo tipo de arquiteto, o renascentista. Foram essas casas que deram origem aos pa-drões arquitetônicos com os quais conviveu em seu meio-ambiente de origem: Le Marais le Temple em Paris.19

A formação dos bolsistas franceses na Itália consistia, em grande parte, como já mencionado, em levantamentos rigorosos de monumentos da Antiguidade, considerados de interesse. Posteriormente, Montigny fez publicar dois livros com os seus levan-tamentos: Les plus beaux tombaux de Rome editado em 1814, e l'architecture toscane, em 1815, ambos após a sua permanência na Vestefália do Norte. Este último escrito com seu amigo A. Famin, já havia tido alguns fascículos publicados em 1806. Com o segundo livro, Montigny intencionava comunicar a seus conterrâneos a surpreendente arquitetura que havia encontrado em Florença e em suas cercanias. Ainda em 1923, esse livro foi reeditado, em Nova York, como exemplo de boa pedagogia para o apren-dizado da arquitetura. Consta de 109 pranchas e 44 páginas de texto, com informações dos edifícios inventariados, de seus proprietários, e de seus arquitetos. Livros desse tipo já haviam sido publicados antes.

O primeiro desses livros foi uma série gravada de vistas pinturescas e desenhos em escala das ruínas romanas de Palmira e Baalbek,* obra publicada por Robert Wool, em 1753 e 1757. O segundo foi o livro de Robert Adam sobre as ruínas de Spalato**, pu-blicado em 1764. O terceiro foi Antiquities of Njmes de Charles Louis Clérisseau, publicado em 1778 e reeditado em 1804. O quarto foi uma série de tornos publicados à partir de 1751, sobre os descubrimentos de Pompéia e Herculano. E o quinto uma série de gravuras publicadas por G. B. Piranesimentos sobre as antiguidades de Roma.20 

* Palmira e Baalbek: cidades romanas na Turquia asiática. ** Spalato: porto romano na Jugoslávia. 


Capa da lª edição do livro de Granjean de Montigny sobre a arquitetura da burguesia emergente em Florença e arredores, no século XV.

O livro de Montigny sobre os edifícios surgidos em Florença diferencia-se desses outros do historicismo romano no campo da arquitetura por sua deliberada curiosidade para com o surgimento das mansões burguesas. No introito desse livro, Montigny observa que somente num clima revolucionário seria possível surgir uma tal arquitetura. Refere-se, naturalmente, às mudanças implícitas no surgimento da burguesia. Montigny exprime-se, também, de uma forma positiva com relação ao surgimento, em Florença, dos primeiros partidos políticos, também eles os de caráter burguês.


Arquitetura e urbanismo durante o período de Napoieão

Grandjean de Montigny continuou a viajar e a fazer levantamentos na Itália, mesmo depois de seu tempo como bolsista. O resultado de seu trabalho foi considerado de tal qualidade que lhe foi permitido concluir suas atividades relativas ao Prix de Rome, após três e não quatro anos como era o regulamento. Somente em 1806 retornou a Paris, e em 1808 teve seus trabalhos da Itália ali expostos.

Napoleão Bonaparte, também um herdeiro da Revolução Burguesa, havia assumido o poder. Os interesses que tomava em conta e considerava como os fundamentos naturais da ordem social eram eles, também, produtos da Revolução. Napoleão tornar-se- ia, em breve não só o imperador da França, mas o governante de todo um império. A dimensão internacional de seu governo faz com que muitos historiadores minimizem a sua obra com relação a Paris.

A Napoleão deve-se a retificação da rue Rivoli, os dois arcos do triunfo hoje ainda existentes em Paris, a coluna Vendôme, a igreja de St. Madeleine, a Bolsa de Valores de Paris, a fachada da Câmara dos Deputados, a ala Rivoli e a conclusão do pátio do Lou-vre, as pontes des Arts e d'Iéna, 12 chafarizes, as ruas de la Paix e de Castiglione, a praça Saint-Sulpice, les Catacombes, vários mercados, a reconstrução do Halle au Blé, o restauro de vários prédios e todos os monumentos que os governos posteriores não souberam preservar.21

Foi para esse período e clima de intensas atividades de arquitetura e configuração urbana que Montigny retornou em 1806. De pronto participou de dois concursos; os projetos Temple de la Gloire e o projeto da ligação do Louvre às Tulherias, levados a cabo, respectivamente, em 1806 e 1808.


 Grandjean de Montigny: Projeto de reunião do Louvre às Tulherias.

Napoleão havia decidido aproveitar as fundações da igreja inacabada de Si. Madeleine para erigir um Temple de la Gloire em homenagem ao Grande Exército. Tratava-se de uma construção que somente deveria servir às comemorações dos aniversários de Austerlitz e Iena.

Ao concurso para o projeto da ligação do Louvre às Tulherias foram apresentadas 97 propostas. A de Montigny não se caracteriza por grande originalidade. Prevê, como as demais, uma ala paralela à Grande Galeria, tendo, ao centro, urna espécie de circo, cujas extremidades arredondadas permitiam corrigir a desconjunção dos eixos dos dois palácios.

Montigny ligou-se ainda, em Paris, a um último projeto de um grande edifício público, o qual deveria acolher a Biblioteca Real. Todos três projetos respondiam a temas que seria por ele novamente abordados no Rio de Janeiro: um templo dedicado à Deusa da Sabedoria, um vasto estádio mandado erigir pelo Senado da Câmara, no Campo de Santana, para as festas de natalício de Dom Pedro 1, em 1818, e o projeto da Biblioteca Imperial do Rio de Janeiro.22

Os arquitetos Percier e Fontaine que, marcadamente, haviam dado novos tons aos ideais arquitetônicos, tornaram-se, também, os profissionais preferidos de Napoleão Bonaparte. Contribuíram para o surgimento de um novo estilo de arquitetura, relacio-nado às mudanças pelas quais passou Paris: le Stile Empire. Montigny o abraça plenamente e admira a postura nítida e decidida de Napoleão para com a arquitetura. É a arquitetura de seus ex-mestres de Academia que o futuro exercício profissional de Montigny tornaria como referência, tanto na Alemanha como no Brasil.23

Adotando o estilo de Percier e Fontaine, Napoleão assegurou o triunfo oficial da mania do antigo (antiquomanie). Mas é de se perguntar até que ponto esses arquitetos não foram deliberadamente ao encontro da intervenção pessoal do imperador no campo das artes. Urna atitude que adotariam, também, para com o regime posterior, o da Restauração. Napoleão impôs aos artistas o programa de uma arte nobre, fria e mais ligada à afirmação de poder do que à busca de conforto e intimidade. Deu à França uma vontade externa de ordem e força e não elementos de um gosto realmente novo. Urna arte que refletia o fato de o imperador não trazer consigo o senso da vida em sociedade. Ele trabalhava para a Nação e não para as pessoas.24

Mesmo as festas públicas, durante o período de Napoleão, surpreendem pela frieza das cerimonias. Estiveram longe das festas revolucionárias. O povo só era chamado para aplaudir. Em 1797 houve a parada da transferência dos tesouros de Roma, Veneza e Florença. Em 1804 houve a festa da distribuição das águias, após o casamento com Maric-Louise, princesa da Áustria e o batismo do rei de Roma. Percier foi o encarregado dos detalhes dos projetos ligados a essas festas.

Deve-se observar, ainda, que é durante o período de Napoleão no poder que foi tomada a iniciativa de se organizar as primeiras exposições públicas dos produtos da indústria francesa, ocorridas em 1798, 1801, 1802 e 1806. A primeira dessas exposições rea-lizou-se no Campo de Marte, com uma decoração de arcadas à la grécque, desenhada por David. As duas seguintes realizaram-se no pátio do Louvre, sob pórticos romanos e a quarta, na Esplanada de les Invalides, com tapeçarias suspensas em grandes pórticos.25

Com as grandes exposições da indústria francesa inicia-se um novo período na história dos temas da arquitetura. Seriam as grandes edificações das colossais feiras internacionais do século XVIII que sucederiam, em grandiosidade, às catedrais e aos palácios governamentais e senhoriais.26

Com essas primeiras exposições, Napoleão sublinhou o papel considerável dos industriais e do comércio ligado ao industrialismo na vida nacional. Consagrou-os como classe ativa da nação:a burguesia nacional

Napoleão Bonaparte e seus arquitetos preferidos: Percier e Fontaine.

O Estilo Império apresenta-se, ao mesmo tempo, como reflexo do neoclassicismo que se expandia na Europa e em suas colônias, e como expressão de um empreendimento oficial veiculado por interesses de nítidos objetivos econômicos. Daria inicio, também, às expressões arquitetônicas de uma ruptura definitiva entre as noções de arte e de arte industrial, de artista e de construtor. Napoleão promoveria o Curso de Pontes e Estradas, fundado por Colbert, à condição de École Polytechnique, sob a direção de Gaspar Monge, o inventor da Geometria Descritiva. Lançaria as bases para a arquitetura de Henry Labrouste e seus contemporâneos.27






N o t a s :

14. Ibidem, pp 254

15. Karl Marx: O 18 Brumário e as Cartas a Kugelman.  Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1969, pp 17-18.

16. Henry Lapauze:  Histoire de l’Academie de France a Rome. 2 Vols. Librarie Plon. Paris 1941. Vol I cap XV : ‘’L’interrégene Révolutionare ‘’ pp 443-493.

17. Ibidem.

18. Grandjean de Montigny (1776-1850) – Un archictecte français à Rio. Catalogo da exposição sobre a obra de Montigny, promovida pela Biblioteca Marmottan, entre 26 de abril e 25 de junho de 1988, em Boulogne-Billancourt. pp. 17-18.

19 Ibidem.

20. Peter Collins: Los Ideales de la Arquitetura Moderna (1750-1950).  Editorial Gustavo Gili, S.A. Barcelona 1970, p 233.

21. Georges Poisson: Napoleon et Paris. Ed.Berger-Levrault. Paris, 1964. Ver ainda : Paris Projet – amenagement, urbanisme, avenir. Nº6 artigo de Tulard J : l’Amenagement de Paris sous Napoleon. Pp 82-111.
22. Adolfo Morales de Los Rios Filho: Grandejan de Montigny. Empr. A Noite. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário