terça-feira, 10 de novembro de 2015

Parte VI

Projeto do Centro Político Administrativo do Estado do Mato Grosso – Cuiabá.

A escalada de demolições nas cidades históricas de Mato Grosso ensejou uma reação de caráter preservacionista, organizada nos anos 1970 pela intelectualidade cuiabana. Esse movimento redundará no tombamento, em nível federal, do centro antigo de Cuiabá em 1987. Nesse ínterim, obras estrategicamente periféricas favoreceram o patrimônio histórico da capital, ao nortear o crescimento urbano para além dos seus limites. Foi o caso do Centro Político-Administrativo – CPA (1972-76) construído no extremo leste da cidade, para abrigar a estrutura administrativa do governo estadual. Composta pelos arquitetos Júlio De Lá Mônica Freire, Manoel Perez, José Antônio Lemos, Moacyr Freitas, Sérgio de Moraes, Antônio Rodrigues Carvalho, Antônio Carlos Carpintero, assessoria de Frank Svensson e Paulo Zimbres, e coordenação geral de Sátyro Phol M. de Castilho, a equipe responsável pelo projeto submeteu os diversos edifícios governamentais a uma malha reguladora tão flexível quanto unitária. Procurou-se imprimir um acento regional ao vocabulário moderno, adaptando-o a certas condições do seu ambiente físico e cultural. A estrutura acomoda-se ao desnível do terreno, define amplos pátios arejados, além de exibir um mural do artista mato-grossense Humberto Espíndola. O projeto da mesma equipe para o CPA-I (1977-78), conjunto habitacional vizinho ao novo centro de poder, guarda analogias com os tipos tradicionais de moradia cuiabana, considerando suas alternativas de uso e ampliação.
Júlio De Lá Mônica Freire

O governador do Estado do Mato Grosso era JOSÉ FRAGELLI VERDÃO que se fizera conceituado como dinâmico e progressista.  O desenvolvimento do Estado evidenciava a necessidade de novos locais para sua administração. O Centro Histórico de Cuiabá não comportava terrenos vazios para tal empreendimento.

O governador de Mato Grosso, o prefeito de Cuiabá e outros auxiliares quando da escolha da área destinada ao Centro Político Administrativo daquele estado.

Formou-se para tanto um grupo de arquitetos todos recém-graduados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, encarregado de estudar e propor soluções para tanto. Estabeleceu se um convênio entre a mesma e o Estado do Mato Grosso. Como coordenador dos trabalhos foi designado o Secretário de Viação e Obras Sátyro Phol M. de Castilho. De parte da UNB fui escolhido como assessor da equipe assim formada.

Os jovens arquitetos tinham vivido intensamente a concretização do Campus da UNB sob direção de Oscar Niemeyer, devidamente assessorado por Herón de Alencar que por 5 anos fora Diretor do Departamento de Pedagogia e Desenvolvimento da Universidade Sorbonne em Paris, sob orientação do Padre Lebret.

Em termos de arquitetura nunca se trabalhara no Brasil tão objetivamente com o imprevisível. Era a hora de começar a pensar em meta projetos abertos a ampliações e acréscimos. Um fator que veio de encontro a isso foi o Ministério da Educação haver importado três enormes computadores de primeira geração que permitissem a consideração de muito mais variáveis que o funcionalismo gerado pela Revolução Industrial. Um desses foi localizado no Campus da Pampulha em Belo Horizonte.

Formou-se ali uma equipe liderada pelo arquiteto Alípio Castelo Branco assessorado por um Professor de Filosofia dedicado em tempo integral a estudar as implicações da aplicação da informática à produção de conhecimento. No campo da Teoria de Arquitetura surgiu como primeira grande estrela Christopher Alexander e suas argumentações.  A FAU UNB convidou o arquiteto português Nuno Portas para dar cursos antevendo as novas formas de produzir arquitetura. De Brasília passamos a conviver que e experiência da Pampulha.


       Vista aérea de edifícios no Campus da Pampulha - UFMG


                                         
     UFMG Edificação tipo no Campus da Pampulha em Belo Horizonte

Não deixamos de olhar de soslaio para o que estava acontecendo em Havana quanto ao projeto de sua nova Cidade Universitária, a USPJAE,


  

 Vista aérea do Centro Politico Administrativo do \Estado de Mato Grosso – Cuiabá


    Vista  da entrada principal do CPA do Governo de Mato Grosso em Cuiabá

                                      
     Vista de praça/jardim interno CPA do Estado do Mato Grosso em Cuiabá


     Vista do CPA do Estado do Mato Grosso esclarecendo se tratar de uma edificação de dois andares     mostrando solução de comunicação entre os mesmos. Solução também adotada quando de suas         praças internas..

Figura central para garantir a alta qualidade da construção do CPA foi o arquiteto Marcelo Fragelli chefe do escritório de arquitetura Projeto da Construtora Rabelo.

Um embaixador da Suécia em visita a Cuiabá admirou-se de haverem proposto um CPA, comportando inclusive o gabinete do governador, tão socialista em plena Ditadura |Militar.

Um candidato ao governo de Mato Grosso, posterior a José Fragelli, prometia se vitorioso, construir um Palácio de verdade . . . 

Em dezembro de 1972 vi-me forçado a deixar o Brasil para uma ausência involuntária de 16 anos. Fui enquadrado na lei de exceção 477 do Ato AI5 sendo anistiado somente em 1989.  Sucedeu-me como assessor da UNB junto ao projeto do CPA, o arquiteto Paulo Zimbres.

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