Robert Misik *
Tradução:
Frank Svensson
Nova
Economia e loucura bursátil; Dax e
Dow Jones; mercados financeiros e economia real; inovação e produção; economia
de mercado e lógica de rede; mobilidade do capital e divisão mundial do
trabalho; comercialização de serviços, de matéria primas e de esperanças; multinacionais,
investimentos diretos e alianças estratégicas; malhas complexas e estouro de
bolhas; desregula-mentacão e intervenção do Estado; Toyotismo e Sillicon Valley;
corporativismo e nova autonomia. Se procurássemos enumerar os termos
pertencentes à língua franca da mídia econômica, nossa cabeça iria rapidamente
explodir. A lista infinda dos neologismos não indica só o caráter exaltado dos
escoteiros da tendência de querer dar um nome novo a tudo, mas ainda, que nosso
capitalismo contemporâneo constitui uma estrutura misteriosa, em permanente e
rápida transformação cuja dinâmica obedece a leis muito ocultas, difíceis de
atingir.
Como
funciona esse capitalismo? Questão posta com mais e mais frequência,
provavelmente porque todos os belos sonhos de uma economia sem crise inventada
nos anos 90, por expertos sérios da ciência econômica, foram seguidos de uma
depressão geral. Em 2002, a economia mundial caiu num período de fraqueza.
Reina também o pânico geral, principalmente porque as causas da crise ameaçam encontrar
um nome tendo em conta que tudo está ligado: a psicologia, aos investimentos, à
esperança de ganhos, ao estado dos estoques, às correntes migratórias, às
crises comerciais, ao terrorismo mundial, às economias regionais.
São
infindos encadeamentos de condições que se entendem: à Nova York terroristas
kamikazes se arrebentam contra dois edifícios e as Bolsas se afundam, porque os
assalariados norte-americanos, tomados de angustia quanto ao amanhã, reduzem
seu consumo e, além disso, tiram seu dinheiro dos fundos de pensão, que, de
todos os modos, não podem mais manter suas promessas de lucro; donde o dever,
para os bancos alemães, de liberar seus corretores nas bolsas - o que só
depende em parte da correção do euro face ao dólar. Eis o que, por sua vez,
favorece o encarecimento das exportações da indústria europeia para os Estados
Unidos e o aprofundamento da crise conjuntural.
As
empresas produzindo menos são obrigadas de suprimir empregos; consequente-mente
anunciam muito menos oportunidades de emprego nos grandes jornais, donde o
licenciamento de jornalistas do Frankfurter
Rundschau, da FAZ, e da Neue Zürcher Zeitung. Os artigos de seus colegas tornam-se pessimistas, o que
não melhora o clima dos investimentos. Liga-se a isso outras 36 000 razões econômicas
e não econômicas das quais não podemos nos ocupar aqui. Entendido? Senão
podemos formular isso de outro modo: quando um saco de arroz é esvaziado na
China, o Senhor Chose de Trifoullis-les-Oies deve trabalhar um mês para encher
o vazio nas caixas de aposentadoria publicas. Que insondável mistério envolve a
coerência de um sistema oriundo da combinação de inúmeras racionalidades
parciais, de interações laterais, diagonais e antagônicas, de inter-relações
para imbricar uma serrada malha, dotada de uma lógica própria na qual se
interpenetram os assuntos.
Em 1935,
Brecht descreve esse tipo de situação: Para
uma certa peça de teatro, tive necessidade como pano de fundo a Bolsa de Cereais
de Chicago: eu pensei graças a algumas perguntas a especialistas e práticos
poder obter rapidamente os conhecimentos necessários. Mas a coisa virou noutro
sentido. Ninguém, nem certos economistas conhecidos, nem os homens de negócios
(eu procurei de Berlim à Viena um corretor que trabalhara toda sua vida na
bolsa de Chicago) ninguém pode me explicar suficientemente os mecanismos da
Bolsa dos cereais. Fiquei com a impressão de que esses mecanismos eram
simplesmente inexplicáveis, o que quer dizer ainda que são despropositados. A
maneira como os cereais de todo o mundo eram repartidos era simplesmente
inconcebível. Não importa de que ponto de vista diferente do de um punhado de
especuladores, esse mercado de cereais era um enorme pântano. O drama projetado
não foi escrito. Ao invés disso eu comecei a ler Marx... (Notas autobiográficas.
Paris, l'Arche, 1978 p. 185).
Brecht
diz em sua peça Santa Joana dos
Abatedores:
Nul ne
peut rien contre les crises! Juste au-dessus de nous, destins inéluctables,
Plannent ces inconues, les lois économiques. Les crises sont des catastrophes
naturelles Dont un cycle effroyable ordonne le retour.
A
economia humana constrói e destrói, cria a riqueza e a miséria, ela é sutil,
duma lógica rigorosa e, no entanto maldizente. Ela engloba a sociedade mundial
dividindo-a, ela despedaça as comunidades e mesmo os indivíduos. O que o
princípio da rentabilidade é capaz de produzir como racionalidade absurda e, ao
mesmo tempo estupefaciente, pode-se demonstrar de forma exemplar com os fundos
de pensão recentemente vindos da América do Norte, conquistando o mundo
inteiro. Quando, por exemplo, um operário de siderurgia cotiza um fundo de
pensão, que transmite seus depósitos a um fundo de investimento, o qual, por
sua vez, adquire partes da usina siderúrgica e impõe, uma supressão de empregos
visando aumentar a rentabilidade, não o faz no interesse financeiro desse
operário de se licenciar a si mesmo na sua qualidade de futuro aposentado? Esse
capitalismo que empreendeu sua marcha triunfal e quase implacável em torno do
mundo é, no entanto recheado de paradoxos; estável e sólido, é também precário,
passível de perturbações e capaz de cambalhotas e piruetas. Como ao mikado basta pender com mais força numa
parte da estrutura, para perturbar-lhe o equilíbrio. O que aconteceria se nosso
operário siderúrgico se unisse a outros, possuidores eles também, de partes do
mesmo fundo de pensão e, se, juntos, ordenassem aos administradores de capital
de não se ater tão rigidamente ao princípio da rentabilidade? Pois bem, ele não
será mais feliz por isso, pois nada mais fará que desencadear uma dinâmica
desenfreada de destruição do capital.
Se sua
fábrica deixar de racionalizar, ela será rapidamente arrasada pela concorrência
capitalista, ele mesmo verá seu emprego fortemente ameaçado e suas economias
perderão rapidamente a metade de seu valor - no melhor dos casos. Vemos,
conseqüentemente, que as relações capitalistas submetem todo mundo a suas
tácitas condições: os assalariados tanto quanto os detentores do capital, os
grandes como os pequenos. O que vale para o mundo estritamente econômico vale
também para a estrutura social de forma geral.
Seria
muito simplista imaginar sociedades modernas duais com classes superiores
dominantes e classes inferiores impotentes. Desde o estruturalismo de um Michel
Foucault, mais de esquerda, à teoria sistêmica atual acomodada na ordem
estabelecida, o conjunto da sociologia moderna tem em conta essa situação. Se,
para os primeiros, o poder e antes de tudo uma malha cujos nós encontram-se
eles mesmos em prejuízo com relação a outros nós do poder, para os segundos a
intervenção dos sujeitos num sistema tão sutilmente construído não é mais nem
pensável nem viável - mesmo para os mais poderosos.
A melhor
coisa que a política seja ainda capaz nessa perspectiva e de bajular sem principio, de evitar o pior, pensa o sociólogo alemão
recentemente falecido Niklas Luhmann, (Die
Politik der Gesellschaft - Frankfurt- /Main, 2002), pois toda intervenção
no desenvolvimento autônomo do sistema provocará um sem número de consequências
imprevistas, que seriam, por sua vez, a origem de novas problemas. Uma intervenção
racional na lógica dessa sofisticada rede não seria, portanto possível, a não
ser que a sistema politico -- ou
seja, a casta dos governantes profissionais -- tivesse em conta mais dados
ambientais que os disponíveis Como isso ha muito tempo não é possível, o poder
dos poderosos se choca com a tenacidade do sistema. Então é preferível que não
se toquem para não ficar pior - o que vale por mais forte razão também quanto
ao poder dos fracos.
Paradoxalmente,
esta ciência social deve muito a Marx - mesmo que este tenha sobremaneira em
seu coração os pobres. Se nos consagrarmos agora as analises econômicas que
dominam a obra madura de Marx - sem esquecer que se trata então de um homem
entre os trinta e os quarenta anos - lembrando como Marx se tornou economista. 0 objeto de meus estudos especializados era
a _jurisprudência a qual, rio entanto, eu não me dediquei a não ser coma a uma
disciplina subalterna, ao lado do filosofia e da história, escreveu ele em
seu celebre prefacio da Contribuição a
Critica da Economia Politica (p. 3), publicada em 1859 -- analise relativamente
longa das teorias econômicas existentes que serviu de estudo preliminar a 0 Capital.
Em
1842-43 em minha qualidade de redator da Reinische
Zeitung, encontrei-me pela primeira vez, na obrigação embaraçosa de dar
minha opinião quanto aquilo que denominamos interesses materiais. As deliberações
do Lantag renano sobre furtos de
madeira e a divisão da propriedade fundiária. Enfim os debates sobre a livre troca e o
protecionismo forneceram-me os primeiros motivos para ocupar-me de questões econômicas.
Marx visava a economia como filósofo e como vimos nos Manuscritos de 1844, concebia o universo capitalista como um mundo
de coisas criadas pelos homens, um mundo alienado percebido pelos homens como
potencia estrangeira. Quando ele observava a situação economica, sua interrogação
não era para cron. a abstração hermética das condições econômicas, mas recuado,
como que de um passo. A questão por ele posta geralmente era mais do gênero:
quais ações humanas estão na origem dessa forca das coisas? Marx conservará
esse método mesmo quando, obedecendo ao espirito do século, tentará analisar as
leis do capitalismo numa perspectiva estritamente cientifica.
Numa época
em que o público estava fascinado pelo progresso da pesquisa em física e em química,
adotar uma atitude rigorosamente cientifica, significava orientar-se aos métodos
das ciências naturais. Marx não podia se subtrair à ação desse espirito do século,
contaminando seu pensamento aqui e
acolá, por incrustações positivistas
e naturalistas, escreve Gramsci (p.
47). Como nós veremos mais adiante, são as extrapolações positivas desse gênero
que ocasionaram a maior parte dos erros e más interpretações que contem 0 Capital. Portanto, Marx sabia bem que
era impossível submeter a analise da sociedade capitalista aos métodos das ciências
naturais. Além do mais a analise das
formas econômicas, escreve ele no prefacio da primeira edição alemã de 0 Capital, não pode se apoiar no microscópio
ou em reativos apresentados pela química; a abstração é a única força que pode lhe
servir de instrumento (C. I. p. 18).
Em sua
analise da economia, Marx continua filósofo. O que prova não só a argumentação
de O Capital e de seus estudos
preliminares, mas também o fato que lhe levou quase uma eternidade para
terminá-la. Ele começa seus estudos econômicos em 1850 e não termina o primeiro
volume de O Capital antes de 1867. Em
parte, por reunir toneladas de documentos e passa, dias após dia, ano após ano,
no British Museum, a refletir sobre estatísticas sempre novas e sobre relações
mais e mais detalhadas. Mas igualmente, porque se deixa distrair por toda sorte
de atividades polemicas e revolucionárias. E principalmente, enfim, porque ele
se tortura a simplificar a complexidade da realidade econômica às causas mais
sutis e múltiplas, para redigir uma análise do tamanho de um livro, deixando
tudo compreensível àqueles que querem aprender algo de novo e consequentemente,
também pensar por eles mesmos. (C. 1. 1 p.18). Sua primeira tentativa termina
em 1858, sob a forma de folhetos de forma comprimida, os quais, impressos fazem
quase mil páginas inacessíveis ao leitor não iniciado - o que era o caso de
todo mundo naquela época, a exceção de Engels. Marx arruma logo esse
manuscrito. No entanto - ou justamente por este motivo - esse compendio, que
será publicado em Moscou em 1939 sob o título: Esboço da crítica da economia política, revela mais claramente o
arrazoado de Marx, que não fará imediatamente, O Capital. Pois sua fraqueza é também sua força, desde que ainda
está isento de simplificações como o contém forçosamente sua versão mais
popular (Trata-se do texto conhecido como Manuscritos
de 1857-58).
Não
resta outra coisa que as concessões feitas ao popular sejam mínimas. Ensaios
científicos com vistas de revolucionar uma ciência não podem jamais ser
verdadeiramente populares, lemos numa carta escrita para seu amigo Kugelmann em
fins de 1862 (Cartas sobre o Capital,
p. 131). Como os Grundrisse. O Capital
não é uma acusação contra os capitalistas, mas uma análise do princípio
capitalista. No prefácio de O Capital,
Marx observa: Para evitar possíveis
mal-entendidos... Eu não pintei em
rosa o capitalista e o proprietário imobiliário. Não se trata aqui das pessoas
em si, mas da personificação das categorias econômicas, suportes de interesses
e de relações de classes determinadas. Meu ponto de vista, a partir do qual o
desenvolvimento da formação econômica da sociedade é semelhante à marcha da
natureza e sua história, pode menos que tudo o demais tornar o indivíduo
responsável de relações nas quais ele é socialmente a criatura, independente do
que posso fazer para se libertar. (C.I.,1, p. 20).
As relações capitalistas tornaram-se depois de muito tempo um poder sem sujeito sobre os sujeitos e se eles justificam a liberdade relativa da sociedade burguesa, é justamente porque não precisam mais de poder sobre as pessoas. Retirai dessa coisa este poder social e tereis que entregá-lo a pessoas submissas a pessoas, proclamava já Marx; na sociedade burguesa a independência pessoal é baseada numa dependência objetiva (G. I. p. 93). Ele explica, numa carta a Kugelmann, que o fabricante tomado individualmente não pode fazer muita coisa. Quais sejam os resultados empíricos das condições capitalistas, no conjunto isso não depende da boa ou da má vontade do capitalista individual (Cartas sobre O Capital, p. 201). Na obra de Marx, os capitalistas não fazem cara de maus a não ser quando utilizam seu poder econômico para obter o poder político – e este para defender um status quo social anárquico. Então os proprietários de imóveis e proprietários do capital se servirão sempre de seus privilégios políticos para defender e perpetuar seu monopólio econômico atraem a sí as farpas atiradas por Marx em sua mensagem inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores. (Paris, Le Temps des Cerises, 2002).
As relações capitalistas tornaram-se depois de muito tempo um poder sem sujeito sobre os sujeitos e se eles justificam a liberdade relativa da sociedade burguesa, é justamente porque não precisam mais de poder sobre as pessoas. Retirai dessa coisa este poder social e tereis que entregá-lo a pessoas submissas a pessoas, proclamava já Marx; na sociedade burguesa a independência pessoal é baseada numa dependência objetiva (G. I. p. 93). Ele explica, numa carta a Kugelmann, que o fabricante tomado individualmente não pode fazer muita coisa. Quais sejam os resultados empíricos das condições capitalistas, no conjunto isso não depende da boa ou da má vontade do capitalista individual (Cartas sobre O Capital, p. 201). Na obra de Marx, os capitalistas não fazem cara de maus a não ser quando utilizam seu poder econômico para obter o poder político – e este para defender um status quo social anárquico. Então os proprietários de imóveis e proprietários do capital se servirão sempre de seus privilégios políticos para defender e perpetuar seu monopólio econômico atraem a sí as farpas atiradas por Marx em sua mensagem inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores. (Paris, Le Temps des Cerises, 2002).
Constatamos
quanto, em seu estudo do processo natural
e histórico da formação capitalista da sociedade, Marx transige pouco,
finalmente, com o positivismo de merda
que denuncia numa carta dirigida a Engels em 1866, depois que ele inicia O Capital por um capítulo complicado
sobre a mercadoria. À diferença dos capítulos sobre a transformação do
dinheiro em capital ou sobre a produção da mais valia, este é um capítulo sem
muitas formulas, em revanche, supõe que o leitor saiba lidar com os paradoxos
filosóficos caros a Marx. Num estilo satírico, Marx ressalta os dois aspectos
de um produto qualquer destinado a se tornar mercadoria: notadamente o fato de
que o produto possui tão bem um valor de uso que um valor de troca, e expõe
que, se o valor de uso implica o valor de troca, só o valor de troca faz da
mercadoria uma mercadoria permitindo que esta se troque por outras espécies de
mercadorias e por uma forma específica de
mercadoria: o mercadoria-moeda. Depois, nos faz ver que todas essas formas
de mercadoria, independente do que as distinga, tem em comum o trabalho nelas
investido e cuja quantidade só determina o montante do valor.
A
seguir, Marx se debruça sobre o caráter
fetiche da mercadoria e seu segredo.
Uma mercadoria parece num primeiro momento algo de trivial que se contem em si
mesma. Nossa análise mostra ao contrário ser uma coisa muito complexa, cheia de
sutilezas metafísicas e argúcias teológicas. (C.1, 1, p. 83). Reencontramos
aqui a argumentação dos Manuscritos de
1844. O segredo da forma mercadoria é
simples: ele reflete o caráter social do trabalho humano, o caráter concreto do
produto do trabalho como propriedade natural, histórica das coisas; a relação
social dos produtores do trabalho resultam numa relação social dos objetos
concretos existente em torno dos mesmos (MEW. 23, p. 86).
Da
alienação resulta o fetichismo da mercadoria: como ídolos, as mercadorias são
produzidas pelos homens, reagem aos homens e suscitam, por sua vez, reações humanas
como se tivessem uma vida própria. Como movidas por uma mão fantasma, quanto
mais elas recuam mais os homens aspiram a elas. Lá os produtos do cérebro humano aparentam serem independentes, dotados
de corpos particulares, em comunicação com os homens e entre eles. Trata-se
mesmo de produtos da mão do homem no mundo mercantil. É a isso que podemos
chamar de fetichismo... (C. 1, 1, p. 85) No valor de troca as mercadorias adquirem uma figura fantástica,
distinta daquela de sua realidade o valor não trás escrito na testa o que é. De
cada produto do trabalho faz bem mais um hieróglifo que os homens perderam a
capacidade de entender (C. 1, 1, p. 86).
Uma mesa
em madeira, uma coisa ordinária que tomba sobre os sentidos se transforma desde
que se apresente como mercadoria, como uma coisa ao mesmo tempo perceptível e
imperceptível e ... sobre seu tampo de madeira ... se expõe a caprichos mais
bizarros do que se ela se metesse a dançar. O válido para uma mesa em madeira
vale também para um pedaço de terra, para pérolas, para diamantes Até agora
nenhum químico descobriu valor de troca numa pérola ou num diamante (C.I, 1, p.
94). Marx conclui com humor que o valor, esse misticismo, toda essa magia e
fantasmagoria não têm nada a haver com a natureza perceptível da coisa, ela não
se encontra na pedra preciosa, não nasce nem da terra nem da madeira, ela é
fruto da sociedade.
* Robert Misik, jornalista austríaco, comunista
militante é um dos fundadores de l’Offensive
Démocrate e foi em 2.000 o principal organizador das grandes manifestações
contra a participação do partido popular de direita FPO, no governo da Áustria.
Segue Parte
II >
O capitalismo é mutante, como os virus. Se adapta e se reinventa a cada crise, a cada ataque. Não segue nenhuma lei ou razões morais ou éticas, visa unicamente sobreviver. Podemos entender a sua natureza, o seu carater, mas o seu sistema de defesa é aleatório,por isso é difícil uma estratégia para ataca-lo. O capitalismo só visa a sua propria sobrevivencia e como o virus pode matar o seu hospedeiro. Sou pessimista quanto ao futuro da humanidade. Poderíamos ser salvos pelo nosso instinto de sobrevivencia se este realmente for mais forte do que o consumismo, a competição, a inveja, o lucro, e tantos "virtudes" do capitalismo, que o comerciante inventou, que o homem inventou, que o dominou e vai destrui-lo. O capitalismo e a vitória do instinto de morte. Talvez Marx devesse ter se debruçado mais sobre as leis naturais, as leis do acaso, e não ter despresado tanto o 'positivismo de merda".
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