O capitalismo
industrial impõe ao trabalhador ser um bom profissional, pelo saber tornar-se
indispensável aos interesses dos patrões. Para satisfazer as necessidades dos
que como ele só dispõem de sua própria força de trabalho tem de lutar
concomitante e organizadamente. Tem que militar político-partidariamente e
participar da produção de conhecimento a respeito.
Para o chamamento
histórico de entendimento multidisciplinar dos problemas candentes da sociedade
surgiu a universidade. Para a organização da luta em favor dos interesses da
multiprofissional divisão do trabalho surgiram as organizações obreiras. Formas
socialmente organizadas criadoras da consciência de classe. É dentro desse
contexto que vão surgir os partidos socialistas e comunistas. Preferi o segundo
caso.
Ninguém nasce
comunista. Torna-se por força de militância e estudo, de dedicação e
conhecimento. Não basta prática e nem basta teoria. Implica trabalho coletivo
organizado que exige determinação e coragem, mas também camaradagem e sensatez.
Adam Schaff, pensador comunista polonês, faz ver em um de seus livros que o
mundo tem carência de homens dotados de sensatez, uma forma superior de
inteligência. Já o exercício de camaradagem implica em consciência de classe,
proletária.
Conheci filhos
de comunistas que não o são. Não há batismo que o garanta. A ausência dos pais,
forçada ou não, os desestimulou. Quem finalmente decide militar pensa antes nas
implicações. Fazer oposição tem seu preço, mas tem suas vantagens. Permite
olhar para trás sem ressentimento. Ante fracassos sobra a satisfação de não
haver aderido a posições reacionárias e conservadoras, de estar em sintonia com
a boa dinâmica da História.
O conhecimento
histórico é um poderoso instrumento de objetivação do subjetivo. Permite a generalização
de referências fidedignas emanadas de práticas concretas. Conhecer os câmbios
históricos é fundamental à militância, à participação em novos câmbios, em
fazer História. A História Natural tem seu curso obedecendo a modos próprios. A
História Social é feita pelos homens aos quais é permitido influir com sua
subjetividade no resultado da História Geral.
Os arquitetos de minha
geração fomos graduados em cursos para o exercício da profissão liberal. Somos
freqüentemente acusados de não saber projetar para pobres. Acontece
reconhecermos ser a eliminação da pobreza o fulcro do problema. Um problema
muito mais político e pluri profissional do que somente arquitetônico. Daí
ficarmos conhecidos por nossa concomitante militância político-partidária e por
nossa posição crítica a qualquer proletcult da arquitetura.
Nossa participação de
arquitetos brasileiros na formulação das políticas de planejamento territorial
e urbano do país foi marcante. Na de planejamento habitacional também. Depois
vieram os anos de chumbo e muito mudou...
Fui o único professor
da Universidade de Brasília enquadrado no parágrafo 147 do Ato Institucional ai 5. Proibido pelo ministro da Educação Jarbas Passarinho de lecionar e
ser funcionário público em todo território nacional. Acusado de tentar
organizar partido ilegal nesta universidade. Pura verdade.
A reintegração em
1989 não foi fácil. Éramos eu e a UnB dezesseis anos diferentes...
* Frank Svensson é
professor titular aposentado da arquitetura da UnB.
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