Frank A. E. Svensson
04.01.2009.
Todos temos
origem e integramos processos. Dificilmente deixamos de perceber o decorrer da
vida sem pensar em desenvolvimento. Fichte, Darwin e muitos outros o fizeram
antes de nós. Sermos idênticos e ao
mesmo tempo únicos faz-nos questionar essa dualidade aproximando-nos do entendimento
dialético. Pensadores na Grécia Antiga o fizeram antes de nós.
Não conseguimos contestar
a cosmogonia de que fora do real só o
irreal e imaginário. Nisso Hegel foi materialista. Face à abstrata noção de um
todo maior torna-se imprescindível questionar a parte específica. Desse
relacionamento surgem inúmeras e infindas categorias cognitivas como instrumentos
indispensáveis à busca da verdade. Evidenciam que a mesma nunca será encontrada
em forma absoluta mas deve ser intensamente procurada.
Encanta-me o pensamento positivista tentando organizar, a partir da
observação e da contemplação, o conteúdo do todo maior. Ajuda-nos a reconhecer
situações. Pertenço à geração que intensamente viveu o plano de Brasília. Não o
condeno. É uma importante contribuição cognitiva para esclarecer o
relacionamento das partes entre si. Por muito tempo restará referência para a ordenação
urbana no Brasil.
Reconheço também
a importância de ser objetivamente existencialista. Sou o principal instrumento
cognitivo de que disponho para fazer a realidade chegar a mim objetivando o
quanto sou parte integrante da mesma. Uma
coisa é ignorar a presença de minha subjetividade no processo cognitivo, outra
é ver o real como resultado da ação recíproca entre sujeito e objeto.
Augusto Comte,
engenheiro militar, professor da Ecole Politechnique, pai da sociologia, pretendeu
ater-se somente ao objetivo. Daí as limitações de sua engenharia social. Seu
apego à constatação de situações castra o trabalho dos cientistas sociais de
uma efetiva participação na proposta de mudanças e superação do que tenham
constatado de negativo e destruidor. Dificulta, ainda, aceitar a existência de
consciência coletiva, por parte de formas socialmente organizadas contraditórias
entre si, p. ex. a consciência de classe.
Engels, alma gêmea de Marx, afirma, ao criticar
o posicionamento positivista de Düring: a
matéria é movimento. Não admite nada externo ao real empurrando a matéria pondo-a em movimento. Ela é movimento em si por
força de suas intrínsecas contradições. Engels e Marx eliminam assim as noções
de início e de fim. O real é reconhecido como eterna mutação por força de
contradições próprias.
Dotado de razão
o ser humano dispõe da aptidão de desenvolver o conhecimento com ajuda da
imaginação. É incapaz de imaginar o não existenciado, mas é capaz de imaginar o
inexistente a partir do conhecimento do existente. Não importa se consciente ou inconscientemente.
O arriscado é tomar o imaginado por verdade concreta. A verdade passa pela
prática afirma Lênin, notório por seu posicionamento materialista. Por muitas
formas de prática.
Os materialistas
não somos ateus. Para nós os deuses existem, mas só na imaginação das pessoas
em busca de conhecimento sobre o desconhecido. Cada cultura produz suas próprias
divindades e fantasia à sua maneira o habitat das mesmas. Para muitos o céu tem
ruas calçadas de ouro... Para outros o socialismo é uma fatalidade... Aos
jovens-bomba são prometidas virgens no além... Há os que admitem estágios
intermediários antes de subirem ou descerem ao estágio final... Outros imaginam
infindas reencarnações...
No capitalismo, somos
hoje envolvidos numa crise evidenciando o impasse entre a economia real e uma
economia virtual. Desafia-nos fazer voltar o domínio da economia real ou
aceitar a barbárie. Não basta ser amigo do povo e ter pena dos pobres, Urge, a
todos níveis, reconciliação com o pensamento objetivo crítico.
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