Gunnar
Gunnarsson - (1889 – 1975). Pensador marxista sueco.
Entre suas principais obras encontram-se Os
grandes utopistas; A Comuna de Paris;
Gyõrgy Lukács; De Machiavelli a Mao; O
ideário da socialdemocracia; Estética
marxista. e História do fascismo.
Tradução:
Frank Svensson
Existencialismo,
guerra mundial e crise
O fascismo não surgiu
repentinamente como um mau-cheiro vindo do fundo da alma humana
-- ele tem tradição, também, na filosofia burguesa. Ou como Gorki drasticamente
formulou: A burguesia nos levou de Prometeu
aos apaches.57
No processo em que a ideologia da violência
repressiva refina a sua visão de mundo, e suas motivações, o existencialismo assume
um lugar importante. Da forma popular como Jean-Paul Sartre o configura,
trata-se de uma mercadoria de exportação made
in Germany. O existencialismo sartriano apresenta-se com pretensões
radicais e até mesmo revolucionárias.58
É
verdade, igualmente, que provocou reações moralizantes de círculos burgueses de
acentuado enfoque católico. É sabido como irados pais de família da baixa
classe média certa vez invadiram a séde dos existencialistas, o Café Tabou,
onde se dava uma festa filosófica, apagando a espalhafatosa orgia
metafísica com água trazida em latas e baldes. As vítimas da ação, que como o
seu mestre não acreditavam em heroísmo, bateram em retirada, mas vingaram-se,
afixando na porta do Café Tabou o seguinte aviso: Fechado até 1 de setembro, quando esperamos que a burguesia se tenha
acalmado.
A burguesia acalmou-se.
Quase não estava seriamente inquieta. Pois o existencialismo é na realidade
urna ideologia inofensiva ao sistema. O padre jesuíta Daniélou afirmou com
autoridade que o existencialismo favorece as forças reacionárias e católicas;
graças ao existencialismo, os inimigos -- Dieu,
merci! -- da Igreja e das classes conservadoras, o liberalismo e
principalmente o marxismo, tinham sido vencidos!59
Certa crítica tem
surgido, no entanto, da parte de católicos, insinuando que o existencialismo
teria influências materialistas e
ateístas. Durante a famosa querelle de
l'existencialisme, Sartre defendeu-se vigorosamente de tais acusações. Sua
tática era marcante: enquanto o tempo todo se mantinha na defensiva em relação
ao catolicismo, não hesitava atacar o marxismo como o mais ativo e vigoroso
concorrente de sua filosofia.60 No entanto, é inegável que nisso criticava com
precisão o dogmatismo, o marxismo vulgar, e o marxismo falsificado sob a forma
de stalinismo.
O existêncialismo tem
as suas raízes no idealismo transcendental de Kant, Fichte, Schelling e Hegel.
Por conseguinte, do ponto de vista católico, sua origem não pode deixar de ser protestanticamente comprometedora; mas é
idealista, puramente idealista. Não vamos aqui nos ocupar com as diferenças
entre o idealismo critico de Kant e as respectivas posturas de Fichte e
Schelling, ou com a crítica de Hegel ao eu
absoluto de Fichte. Basta salientar, que toda a filosofia existencialista
liga-se mais ou menos a questões da filosofia transcendental e gravita em torno
da questão do sujeito, e da sua liberdade e capacidade de ação. Liga-se,
portanto, a uma filosofia caracterizada como uma revolução no mundo espiritual,
ao contrário da grande Revolução Francesa, que -- inspirada pela filosofia
burguês-materialista do iluminismo, com Diderot, Voltaire, Helvetius,
d'Alembert e Holbach como seus principais expoentes -- no mundo real derrubou
tronos e valores feudais, abrindo caminho para o moderno sistema de produção
capitalista e sua sociedade.
Em relação a esse
materialismo francês, o idealismo alemão era -- em correspondência ao então
pouco desenvolvido elemento capitalista na Alemanha -- uma filosofia burguesa,
que ainda não ousara emancipar-se da graça divina luterana e da proteção
patriarcal dos príncipes territoriais. O que havia de realmente revolucionário
nessa filosofia no que de certa forma ultrapassou o materialismo francês -- era
a dialética hegeliana, na qual a ideia de desenvolvimento, embora com uma
roupagem idealista, penetrou no pensamento moderno. Marx e Engels foram os
únicos que, passando pela crítica à religião de Feuerbach, aliaram-se a esse
lado hegeliano. Sõren Kierkegaard preferiu considerar o elemento conservador do idealismo hegeliano, o sistema metafisico-idealista
de Hegel.
De igual modo, todo o
neo-hegelianismo gerado na universidade alemã dispunha-se a liquidar a
dialética. Transforma-se, assim, a dialética de Hegel, que era nitidamente uma
dialética de contradições, numa dialética conciliatória, seja quebrando a
negação na trilogia tese-antítese-síntese, seja abolindo o momento da
identidade, deixando ficar somente a negação. Dessa forma, atinge-se um
conceito de mudança ou de desenvolvimento sem nenhum sentido, e sim algo
permanente, que muda para um desenvolvimento absoluto, o qual, segundo as leis
da lógica se transforma numa calmaria total. Destarte, mistifica-se o próprio
conceito de desenvolvimento: o
desenvolvimento passa a ser algo irracional, que não pode ser previsto ou
dominado pelos homens.
Com esse mistificado
conceito de desenvolvimento, as leis da história, que contam com a derrocada do
capitalismo, são postas fora de jogo (tal como antes, com a divisão neo-kantiana
entre ciências naturais, que buscam leis, e ciências culturais, meramente
descritivas). Essa corrompida dialética ganha uma importante função
burguês-apologética nas lutas de classe do período de transformação da
sociedade. O estado absoluto de
Hegel, que originariamente implicava na concretização da razão burguesa, que revolucionariamente se voltava contra o
feudalismo, é agora cinicamente usado em defesa do contra revolucionário poder
estatal, que dissolve até a democracia burguesa e massacra a classe obreira.
Essa luta contra a
dialética mostra-se particularmente clara nos precursores do existencialismo.
Edmund Husserl, cuja conhecida fenomenologia
aparece como restauradora do sujeito
transcendental, está em flagrante oposição à dialética. Para ele a
existência dissolve-se, em consonância com o corrompido conceito de
desenvolvimento, numa sequência de atos
intencionais, fazendo com que a consciência e seus objetos, junto com os
sentimentos a eles ligados, bem como as relações dos objetos para com outros
objetos, se unam. Entretanto tudo desemboca em pura mística, em que a própria
essência da consciência só pode ser compreendida através de uma intuição observadora de essências. Nessa
especulação fenomenológica o moderno
pensamento burguês atinge o auge da barbaria escolástica.61
Todavia, só
com o mestre e precursor direto de Sartre, Martin Heidegger, as suas
consequências extremas tornam-se evidentes.
Essa reacionária
especulação, com sua pretensiosa e afetada terminologia, é bem adequada, com
seu estático enfoque e seu misterioso e grosseiro caráter metafísico, a uma estagnada Alemanha de desastrosas
uniões de altos-fornos e latifúndios, e de reação feudal e ultra capitalista. A
relação entre essa fase do existencialismo alemão, e o período posterior à
Primeira Grande Guerra, quando a classe burguesa alemã e principalmente quando
a classe média, desesperada com sua situação caiu em profundo niilismo, é
clara.
Martin Heidegger era
típico desses segmentos sociais. Ao voltar de sangrentos campos de batalha,
onde a morte espreitara nas trincheiras, deparou com a dissolução da frente interna
de luta, com o caos e a miséria geral, com a fome, a inflação e um inflamado
militarismo sedento de vingança. Os conceitos ser para e ser eu mesmo,
que, ligados à fenomenologia de
Husserl desempenham um tão importante papel em sua filosofia, constituíram, na
falta de ideias, de bases mais profundas, os salva-vidas de uma classe média
náufraga, a qual, proletarizada e expelida do seu seguro contexto de vida,
desesperada, agarrava-se a uma identidade social que parecia perder-se
irremediavelmente.
A industrialização, a
democracia, a revolta das massas, que em termos de organização se expressa
principalmente na luta da classe obreira por democracia política e econômica,
são totalmente estranhas para a especulação de Heidegger, a na qual a classe
média, mais uma vez -- parodiando Günther Anders -- repetiu as heresias que os
ele- mentos
mais avançados da burguesia há muito tempo haviam deixado para trás e que, para
o proletariado secularizado e consciente de sua condição de classe, com a sua
teoria socialista de base científica, e com o elevado nível de organização
sindical e política, não tinham nenhuma atualidade: Heidégger mais uma vez
... passou pela reforma de Lutero,
mais uma vez descobriu a autoridade da consciência individual, mais uma vez se
postou sobre os pés do eu fichtiano, mais uma vez com Feuerbach e Nietzsche,
negou o pecado original, mais uma vez, na falta de melhor capital, como
Stirner, apoderou-se de si mesmo -- e tudo isso numa época em que todos esses
passos que conduziram à visão de mundo religiosamente neutra do século vinte já
estavam esquecidos.62
O existencialismo foi
um produto da Primeira Guerra Mundial, mas só após a Segunda é que, por meio de
Sartre, se tornou um fenômeno amplamente europeu. Um cartão postal vendido em
Freiburg im Bresgau na era hitleriana mostra o récem-investido reitor, Martin
Heidegger, à frente da S.A. local -- Die
Strasse frei, den braunen Bataillonen! (A rua livre, ao batalhão marrom!). Como pode
um filósofo, que cinicamente desfilava o
poder do espírito, quando atrelado ao espírito do poder, tornar-se, após a
derrocada do nazismo, uma presença filosófica na França de Descartes, Diderot e
Lafargue?
Tal situação liga-se naturalmente ao clima de depressão da burguesia após a Segunda Guerra Mundial e com a crise geral do capitalismo. Já quando o século era jovem, escreveu o arguto filósofo e sociólogo francês Emile Durkheim:
O humanismo clássico sobreviveu a
si mesmo, mas nenhuma nova crença o sucedeu. A consequência é ceticismo,
decepção e perigosas doenças da alma.
Aquilo que então era
válido agravou-se por meio de campos de concentração, câmaras de gás, guerras
genocidas e neo-colonialistas, e a ameaça de destruição do mundo pela guerra
nuclear. A desnorteada classe média e a ocasionalmente abatida burguesia
francesa tinham necessidade de uma filosofia que pudesse desbancar o marxismo e
substituído por uma metafísica teoria da
salvação dirigida para os problemas interiores,
o que resultou em bons ventos para as velas do existencialismo sartrista.
A
decadência ideológica -- um destino ?
Será inevitável uma
evolução rumo à decadência ideológica? Marx demonstrou que a sociedade
capitalista desenvolve dentro de si mesma as forças, que superarão o próprio
sistema capitalista e, com isso, também as ideologias da decadência: a classe
obreira, com a sua visão de mundo socialista. Mas, e para a burguesia?
Globalmente, sem dúvida, sim -- mas não em sentido fatalista em relação so
indivíduo isolado. Esse, como observou Engels, não está hermeticamente fechado
em sua classe e em sua ideologia: o indivíduo é influenciado em suas decisões
não só por sua classe, mas por toda a sociedade. 64
A análise de classe do marxismo vulgar não entendeu a dialética
contida na relação entre o sujeito e o objeto social: não dispõe do complexo
jogo de mediações mediante o qual se verifica a interação entre indivíduo,
classe, sociedade, época, desenvolvimento humano universal e natureza. O
marxismo é ciência e não teoria da salvação. Por isso, a pesquisa dessa
relações sujeito-objeto e sua interação faz-se necessária como uma das
principais tarefas da ciência marxista e, consequentemente, também para urna
estética e teoria da arte marxista. Nas atuais circunstâncias, isso implica em
perceber claramente que, apesar da decadência ideológica da classe burguesa, de
suas mentiras apologéticas, e de sua falta de realismo, (fuga para modismos
metafísicos e religiosos), apesar de tudo, para o burguês como indivíduo,
existem diferentes possibilidades de reagir ante a decadência ideológica da sua
própria classe social.
Uma atitude por demais
comum é capitular. Mas honestos e altivos burgueses podem também negar-se a
sujeitar-se à ideologia decadente de sua classe, romper com ela e pôr-se em dia
com as tradições culturais dos gloriosos dias de sua classe, ou ligar-se ao
desenvolvimento e aprofundamento dessas tradições no movimento operário e no
marxismo. Foi o que se deu com escritores como Lion Feuchtwanger, Bertolt
Brecht, Heinrich e Thomas Mann, Anatole France, Romain Rolland, Henri Barbusse
e muitos outros.
As agudas contradições
de classe durante o período de transformação da sociedade também podem levar
pessoas antes conscientes a um colapso moral e intelectual. Exemplo disso foi a
passagem de Malraux para o néo-fascismo gaullista. E finalmente, honestos
ideólogos burgueses podem virar-se contra a sua própria classe, ao vivenciar as
contradições de sua época e configurá-las em suas obras. Esse tipo de conflito
não conduz necessariamente a uma adesão direta à classe trabalhadora. A vitória do realismo' implica finalmente
no triunfo do momento de verdade contido na formação ideológica sobre a
alienação ideológica.
A
libertação do indivíduo burguês da decadência da ideologia de classe
(Gyorgy Lukács) encontra naturalmente dificuldades. As dificuldades são maiores
onde a tradição apologética é mais forte; nas ciências sociais. Nas ciências
naturais a situação é parcialmente diferente: pela própria constituição do seu
sistema social, a burguesia é obrigada a desenvolver a técnica, o que explica o
ascenso das ciências naturais no período da decadência. Devemos lembrar, no
entanto, que mesmo o desenvolvimento da pesquisa das ciências naturais vem
conflitando-se mais e mais com a permanência do sistema capitalista. Um exemplo
recente é a força nuclear, cujo emprego pacífico deveria levar a imprevisíveis consequências
para o capital monopolista e que por isso em mãos da classe dominante
transformou-se na mais terrível ameaça à paz; à
liberdade e à felicidade humana. Da mesma forma sacudiria as bases do lucro
capitalista.65
A crítica da decadência
ideológica feita por Marx e Engels, começou por motivos históricos, a princípio
com referência a religião e metafísica, filosofia e economia política. Havia
terminado a época dos grandes sistemas filosóficos. Marx e Engels trabalhavam
cientificamente; não tinham nenhum propósito de criar um sistema estético.
Todavia, só um leigo em marxismo e falto de formação científica pode acreditar
seriamente que os fundadores do marxismo se teriam pronunciado sobre fenômenos
estéticos apenas ocasionalmente e pessoalmente, e que a esses raros
pronunciamentos sejam desprovidos de importância teórica e significado
científico.
Esses episódicos e esparsos pronunciamentos de Marx e Engels sobre arte e literatura
foram coligidos, organizados e sintetizados por Mikháil Aleksándrovitch
Lifschitz num volume de mais de seiscentas páginas. A última edição, em alemão,
dos pronunciamentos de Marx e Engels sobre questões de estética compreende
dois volumes que somam mil quatrocentas e sessenta páginas. O material
compreende não só opiniões que os dois trocaram entre si sobre romances lidos e
características de escritores contemporâneos, mas também explícitas
considerações artísticas e histórico-literárias, incluindo análises de
escritores isolados, e suas obras, essenciais contribuições para o entendimento
das bases sociais da arte e da literatura, e comentários a respeito de
literatura política e poesia popular.
Marx e Engels criticaram as obras que lhes interessaram e participaram das lutas literárias de seu tempo. Avaliaram os clássicos esteticamente e do ponto de vista de atua1id4de, salientando o conteúdo proletário de mudança social. Discutiram o realismo dos clássicos. debateram os gêneros e suas funções e vasculharam as tradicionais categorias estéticas. É pois, assaz estranho que essas esparsas observações e episódicos pronunciamentos, frutos de um interesse fortuito, na realidade tenham logrado um resultado quantitativo e qualitativo tão considerável. Seria um escárnio para com pesquisadores sérios como Plekánov, Lifschitz, Lukács e outros, supor que houvessem montado uma falsificação desse material, uma estética sistêmica que aos próprios Marx e Engels seria estranha. Esses pesquisadores não fizeram nada disso. Pelo contrário, de forma cientifica, perfei-tamente legítima sistematizaram um material imanente de teoria em relação ao marxismo como um todo.
Marx e Engels criticaram as obras que lhes interessaram e participaram das lutas literárias de seu tempo. Avaliaram os clássicos esteticamente e do ponto de vista de atua1id4de, salientando o conteúdo proletário de mudança social. Discutiram o realismo dos clássicos. debateram os gêneros e suas funções e vasculharam as tradicionais categorias estéticas. É pois, assaz estranho que essas esparsas observações e episódicos pronunciamentos, frutos de um interesse fortuito, na realidade tenham logrado um resultado quantitativo e qualitativo tão considerável. Seria um escárnio para com pesquisadores sérios como Plekánov, Lifschitz, Lukács e outros, supor que houvessem montado uma falsificação desse material, uma estética sistêmica que aos próprios Marx e Engels seria estranha. Esses pesquisadores não fizeram nada disso. Pelo contrário, de forma cientifica, perfei-tamente legítima sistematizaram um material imanente de teoria em relação ao marxismo como um todo.
Uma das principais
tarefas da ciência é justamente essa sistematização da matéria -- o que não tem
nada a ver com outros sistemas
metafísicos ou não, no sentido clássico do termo. E no caso em questão, é
justamente essa ordenação sistemática do material legado que constitui a prova
decisiva contra as criações mentais de marxistas vulgares e sectários,
afirmando que Marx e Engels eram sábios quando tratavam de economia política e
ciências sociais, mas diletantes sem teoria quando discorriam sobre questões de
estética. Por conseguinte, o marxismo não é um sistema, mas, como toda ciência,
uma coerente e estruturada formação teórica, conscientemente sistematizada por
uma determinada metodologia (no caso do marxismo, o materialismo histórico e
dialético). Só quem seja alheio a métodos científicos pode supor que o trabalho
de pesquisadores marxistas, com tal sistematização dos pronunciamentos de Marx
e Engels sobre arte e literatura e sua localização no conjunto estrutural da
formação teórica marxista possa ser alguma forma de arbítrio ou de frívola violação
da teoria. Que insignes pesquisadores possam ter-se enganado em determinados
pontos é de uma superficialidade total. Até mesmo notáveis pesquisadores
cometem erros, e seus equívocos podem resultar mesmo producentes para as ciências.
Tais enganos distinguem-se daquelas verdades incontestáveis e criticas
que, com inimitáveis ares de autonomia e de moralizante integridade, são
apresentadas contra os mestres por aqueles que se julgam chamados e escolhidos.
Tão natural como tudo isso, toda troca de opiniões cientificamente produtiva,
inclui a discussão e a análise de citações essenciais, tanto a favor como
contra.
Em produções de marxismo vulgar ou sectárias, os clássicos podem ser deturpados, na medida em que substituam o pensamento critico, a argumentação objetiva ou a pesquisa de posicionamentos. Mas naturalmente é fácil distinguir tal emprego de citações, desde que os mencionados pronunciamentos sejam ordenados no âmbito de problemas ou de uma argumentação. Nem todos os que citam Marx e Engels precisam ser fidedignos utilizadores de textos, nem os clássicos obrigatoriamente contêm erros. Como acontece com a formação teórica marxista, toda outra ciência deve ser provada e, depois de sua renovação e correção, deve ser provada de novo.
Em produções de marxismo vulgar ou sectárias, os clássicos podem ser deturpados, na medida em que substituam o pensamento critico, a argumentação objetiva ou a pesquisa de posicionamentos. Mas naturalmente é fácil distinguir tal emprego de citações, desde que os mencionados pronunciamentos sejam ordenados no âmbito de problemas ou de uma argumentação. Nem todos os que citam Marx e Engels precisam ser fidedignos utilizadores de textos, nem os clássicos obrigatoriamente contêm erros. Como acontece com a formação teórica marxista, toda outra ciência deve ser provada e, depois de sua renovação e correção, deve ser provada de novo.
N
o t a s :
55
Ibidem, pp. 68-69.
56 Max Scheller: Vom Umsturz der Werte (Da subversão dos
valores), pp. 123-124. Leipzig, 1923.
57 Maxim Górkiy: Die ZerstOrung des Personlichkeit (A
destruição da perso-nalidade), p. 85. Ver
ainda pp. 32-33.
58
A literatura sobre o existencialismo é muito ampla. Indicamos aqui uma seleção
de enfoque marxista: Henri Mougin, La
sainte famille existentialiste, (A santa família existencialista) Paris,
1947; Jean Kanapa, L'Existentialisme
n'est pas un humanisme (O existencialismo não é um humanismo), Paris, 1947;
Lefevbre, L'Éxistentialisme (O
existencialismo), Paris, 1947; Giörgy Lukács, Existentialisme ou marxisme? (Existencialismo ou marxismo?) Paris,
1948. Ver ainda: Boris Pessis, Die
franzõsisehe Literatur wãhrend der Kriegsjahre (A literatura francesa
durante os anos de guerra), SL 4:1946, e Sartres
literariseh-philosophische Parade (O desfile filosófico literário de
Sartre), SL 4:1947; Y. Fried, A
Philosophy of Unbelief and indifferenee. Jean-Paul Sartre and Contemporary Boargeois
Philosophy (Uma filosofia do cepticismo e da indiferença. Jean-Paul Sartre
e a filosofia burguesa contemporânea), MI 3:1947; Wilhelm Dultz, Der Existentialismus ais Ausdrück der
bürgerlichen Intelligenzkrise (O existencialismo como expressão da crise da
inteligência burguesa), Eh 6:1947.
De
outros pontos de vista: Robert Campbell, Jean-Paul
Sartre, Paris, 1945; Roger Troisfontaines, Le choix de Jean-Paul Sartre (A escolha de Jean-Paul Sartre),
Paris, 1945; G. Marcel, Homo Viator,
Paris, 1944; Claude Roy, Jean-Paul
Sartre, Poesie 47, n. 38 (Jean-Paul Sartres, Poesia 47, n.38) Cl. - E.
Magny, Système de Sartre (Sistema de
Sartre), Esprit 3/4:1945; Abbagnano, Nicola: Philosophie des menschlichen Konflikts (Filosofia dos conflitos humanos),
Munique, 1957: Beyer, W. R., Vier
Kritiken (Quatro críticas), Colonha, 1970; Hühnerfeld, Paul, In Sachen Heidegger (No dizer de
Heidegger), Ulm, 1961; Sartre, Jean-Paul, Marxismus
und Existentialismus (Marxismo e existencialismo), Reinbeck bei Hamburg,
1964; Adam Schaff, Marx oder Sartre?
(Marx ou Sartre?) Hamburgo, 1964; Thure Stenstrõm, Existencialismen (O existencialismo), Estocolmo, 1966.
59
Père Daniélou, Etudes (Estudos)
9:1945, p. 241 e seguintes.
60
Ver Henri Mougin, La Sainte famille existentialiste
(A santa família existencialista), p. 23 e seguintes.
61 Edmund Husserl: Logische Untersuchungen (Pesquisas
lógicas) Halle, 1928.
62 Günther Anders: Nihilismus und Existenz (Niilismo e
existência). Die
newe Rundschau 1:1946, p. 74. Comparar com a cínico sentimental entrevista de
Stephen Schimansky a Heidegger em Partisan Rewiew 4:1948, On meeting a philosopher (Encontrando um filósofo), na qual o
escritor teve a arrogância de elogiar a grandeza
-- não emitiu uma única acusação! --
e até mesmo comparar esse escudeiro do nazismo com Hõlderlin!
63
Tão certo como esta constatação foi e é, são lamentáveis e cada vez mais débeis
as tentativas do moderno humanismo burguês de manter vivo o humanismo sem criar
bases humanas para a vida humana.
64
Ver Gyõrgy Lukács: Karl Marx und Friedrich
Engels als Literaturhistoriker (Carlos Marx e Frederico Engels como
historiadores de literatura), Berlim, 1948, p. 135.
65
Encontramos aqui uma contradição quanto à contínua e inevitável necessidade de
desenvolver a técnica de um tipo que o sistema econômico capitalista não é
capaz de manter.
* * * * FIM
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