Frank
Svensson **
Evaldo Coutinho
ressalta em minha formação. Dos filósofos existencialistas, é para mim o mais
evoluído do Brasil. Por muitos o unico filósofo brasileiro a configurar um sistema completo.
Ensinou-me, o mais importante instrumento cognitivo de que
disponho sou eu. A partir de minha existência no mundo, o mundo vem a mim e
torna-se referência para a busca de sua verdade, que apesar de não existir em
termos absolutos, deve ser procurada com intensidade e ininterruptamente.
Legou-me também a
dificuldade de objetivar-me na ação recíproca entre a realidade externa e meu
pensamento. Sabendo-me pertencente à sociedade de que participo, instigou-me a
reconhecer a consciência e o imaginário coletivo, reflexos das condições do
relacionamento com as formas de trabalho latu
sensu. Mais que outro pensador brasileiro, Evaldo Coutinho sem sabê-lo
levou-me a Marx.
Comecei no Recife como
arquiteto. Conjugados, o professor e Marx me estimularam a questionar a
coisificação da arquitetura, que subjuga seu valor de uso a seu valor de troca.
O fulcro do
conhecimento e da produção da arquitetura é a atividade humana, impossível de
acontecer sem lugares. O saber da arquitetura participa sempre mais do saber da
síntese entre a vida e seu cenário. Sobre como produzir cenários há
conhecimento acumulado. Sobre a vida, nem tanto. Da melhor síntese entre vida e
cenário, menos. Que se utilize o corpo teórico de Evaldo Coutinho como
ferramenta para melhor entendê-la!
* Ver verbetes sobre
vida e obra de Evaldo Coutinho no GOOGLE.
** Frank Svensson é
Professor Titular aposentado da FAU-Universidade de Brasília..
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